quinta-feira, 30 de junho de 2011

Poesias do mar.






ANDANDO SOBRE O MAR
de Mário Barreto França



Depois que o Salvador deixou a multidão
A comentar dos pães a multiplicação,
Subiu ao monte e, ali, ficou a contemplar
A beleza do céu e a poesia do mar,
Sentindo o coração pulsando, confortado,
Pelo grande milagre há pouco realizado,
Sabendo que o fizera apenas pelo amor
Que sempre dedicara ao pobre pecador,
Fazendo reflorir, na paz e na alegria,
A vida que murchava à dor de cada dia,
E fazendo brotar, numa festa de rosas,
Os tristes corações e as almas dolorosas...



E foi, talvez, ali, naquela solidão,
Que Jesus recitou a mais doce oração...
Caía a tarde... Ao longe, um barco navegava;
Soprava a ventania, o mar se revoltava
E as ondas, a rolar, ameaçadoramente,
Pareciam querer traga-lo, de repente...



Os discípulos seus estavam lá – coitados! –
Pelo negro terror da morte dominados...
Pescadores leais – homens do mar – como eram,
Diante da tempestade, eles logo souberam
Que já não restava a mais leve esperança...
Tudo estava perdido... a não ser que a bonança,
Por milagre de Deus, não tardasse demais...



E Jesus, que do monte os contemplava em ais,
Moveu-se de piedade e veio, devagar,
Leve como a virtude, andando sobre o mar...



Quadro maravilhoso aquele! quadro lindo
Que o tempo consagrou com seu valor infindo!
Nem as famosas mãos dos grandes escultores,
Nem o gênio dos mais afamados pintores
Poderiam gravar, no mármore ou na tela,

Aquela aparição divinamente bela:
- O céu encapelado, o céu a lampejar
E Jesus, muito leve, andando sobre o mar.



No seu medo, porém, os discípulos vêem
Apenas um fantasma a lhes surgir do Além.
Mas tal como a bonança esplendorosa e pura,
A voz do Salvador soou-lhes com doçura:

- “Não temais, que sou Eu! Tende ânimo, porque
O pai que tudo sabe, o Pai que tudo vê,
Sentiu a vossa angústia, ouviu vossa oração
E vos mandou, por mim, a redenção.”



Então, Pedro exclamou: - Se és tu, ó Mestre amigo;
Se és tu mesmo, Senhor, manda-me ir ter contigo!”
E Ele lhe disse: - “Vem!” –
Vacilando, gritou – “Senhor, eis que me afogo!
Ó salva-me, Senhor!”
E o Mestre o segurou
E, muito paternal e calmo, lhe falou:
- “Por que tu duvidaste, homem de pouca fé?
Tem ânimo! levanta e firma-te de pé!
Pois aquele que crê e é salvo pela graça
Pode ordenar ao vento... e a tempestade passa...”



E, entrando ambos no barco, o mar ficou sereno,
Como a própria expressão do Nazareno...
O céu torna-se azul... cessou do vento o açoite...
E a lua, que surgiu para o esplendor da noite,
Era a coroa astral de Deus, no firmamento,
E o símbolo de luz do Novo Testamento...



E os discípulos vão, agradecidamente,
No íntimo, elevando, aos céus, a prece ardente,
Libertos, afinal, do peso das agruras,
Aprendendo do Mestre, à luz das Escrituras,
As mais belas lições e os conselhos mais sábios,
Sentindo, os corações, sem mágoas nem ressábios:
Claros – como o esplendor balsâmico do luar,
Leves – como Jesus andando sobre o mar.


Mateus 14:31
E logo Jesus, estendendo a mão, segurou-o, e disse-lhe: Homem de pouca fé, por que duvidaste?

Se estás passando por algum momento de dificuldade e não vê uma saída,
olhe para o alto e veja que a mão do Mestre Jesus está estendida para o
seu auxílio, basta você levantar a sua mão ao Seu encontro.





Jamais desesperes,
mesmo perante as mais sombrias aflições de sua vida,
pois das nuvens mais negras cai água límpida e fecunda.
(Provérbio chinês)


DE PAR EM PAR



Abertas as janelas para a Vida
tenho, de lembrança mais antiga,
as aras planas e douradas
debruadas de bilros nevados
coroando as franjas leves
da toalha sedosa e glauca
alongada ao sabor do infinito
amenizando a quentura do Deserto.





OS MEUS VERSOS SÃO GAIVOTAS

Os versos que te escrevo são gaivotas
Retalhos d’ alma, tão lindo luar...
Num vai-vem incessante, eternas rotas
Constantes, num sublime regressar!...

Mensageiros de terras mais ignotas
São voláteis, no espaço de voar...
São eternas amantes mais devotas
Tecem segredos à beira do mar!...

Asas brancas, parecendo miragem...
E num céu de pureza, linda imagem
Soltam o mais belo hino, em despedida!

Versos que sinto junto ao coração
São gaivotas em bando, em união
Hão-de sempre trazer... regresso à vida!








O QUE É O MAR?


Tu perguntas, e eu não sei
eu também não sei o que é o mar



Serenidade
leve brisa discreta
traz no regaço o perfume das esmeraldas diluidas
brilhando na placidez do vento.
Crepes tremulam em suspiros leves de espuma
e perdidos entre cetins luminosos
vêm os teus lábios, pétalas rosadas,
sôfregos para me beijar.









MAR




Mar sonoro, mar sem fundo, mar sem fim
(...)
Que momentos há em que eu suponho
Seres um milagre criado só para mim