CADERNO DE HISTORIAS PARA SONHAR.
O pequeno peixe
Era uma vez, um lindo aquário, enorme, onde havia muitos peixes de vários tipos e tamanhos.
Na parte de cima do aquário estavam os peixes maiores, pois quando a comida caía na água eram os primeiros a comer. Então os peixes de cima estavam sempre satisfeitos, nunca lhes faltava comida.
Na parte intermediária estavam os peixes de porte médio, havia para eles muita comida ainda, que os grandes peixes da parte de cima não comiam, mas não tinha tanta comida assim para que pudessem ficar grandes.
Na parte de baixo estavam os pequenos peixes. A comida que eles tinham para comer mal dava para deixá-los vivos, pois era a sobra dos peixes de cima.
No meio desse ambiente nasceu um pequeno peixe. Ele não se conformava com aquela situação, e começou a nadar pelo aquário, foi quando encontrou um pequeno buraco e ficou pensando onde aquele buraco iria levá-lo. Tinha uma grande esperança de mudar aquele quadro onde nasceu. O pequeno peixe então resolveu passar pelo buraco e ver onde ia parar.
Encontrou um fio de água que o levou para um ralo, do ralo caiu em um encanamento, e foi parar em um rio. Observou aquele lugar e viu que era maravilhoso, não faltava comida, tinha espaço suficiente para nadar e ir onde quisesse. Mas o pequeno peixe pensou em seus amigos do aquário e resolveu voltar para falar a respeito do lugar maravilhoso que encontrou.
Voltou ao aquário e começou a falar com todos sobre o lugar maravilhoso que havia encontrado. Todos os peixes ficaram curiosos e questionaram o que deveriam fazer para chegar a esse local. Foi quando o peixinho falou:
Os peixes grandes da parte de cima, deverão mudar de lugar, terão que vir para a parte de baixo, para perder peso e assim poder passar pelo pequeno buraco. Os peixes da região intermediária, deverão se alimentar menos, para perder um pouco de peso também. E os peixes de baixo, deverão se alimentar um pouco mais para obter forças para seguir viagem.
A confusão dentro do aquário começou, muita discussão, muita discórdia, e começaram a se revoltar contra o pequeno peixe. Depois de muita briga os peixes tomaram uma decisão, resolveram matar o peixinho que havia causado tanto transtorno àquele lugar.
Conclusão: Quantos de nós não" matamos" todos os dias as ideias, os conselhos, as opiniões, apenas porque não queremos mudar a forma com que estamos acostumados a viver e a agir? Até quando nossas resistências irão nos impedir de conhecer as coisas maravilhosas que estão apenas à espera de um pouco de humildade? Pense no quanto você tem sido resistente com a sua vida...
Autor desconhecido
Deus habita dentro de voce!
Deixe,então, que Sua bondade se manifeste através de seus olhos, tornando-os brandos de compreensão,quentes de compaixão, ternos pelo perdão constante a todos...
Que nenhum olhar de impaciência ou condenação tolde a beleza de sua vida!
Que sua fisionomia irradie contentamento de felicidade,de tal forma que todos os que se aproximem de você, sejam contaminados por seu optimismo!
Deixe,então, que Sua bondade se manifeste através de seus olhos, tornando-os brandos de compreensão,quentes de compaixão, ternos pelo perdão constante a todos...
Que nenhum olhar de impaciência ou condenação tolde a beleza de sua vida!
Que sua fisionomia irradie contentamento de felicidade,de tal forma que todos os que se aproximem de você, sejam contaminados por seu optimismo!
O sapo que não parava de coaxar
Era uma vez um sapo grande que coaxava muito. Coaxava atrás da mata, na beira do lago do Virasaco. Era um tanto ou quanto estabanado, era por isso que vivia sozinho, pois os outros sapos ficavam furiosos quando ele afugentava os insetos para não serem devorados.
Ele era assim, desse jeito, diferente dos outros. O que podia fazer! Por vezes, passava fome por não querer comer aqueles pequenos bichinhos com ossos ou sem ossos.
Talvez fosse essa a razão pela qual coaxava demasiado. Coaxava tanto que o som do seu coaxo entrava pela janela e ecoava por toda a cabana, não deixando Gabriel dormir.
Um belo dia, não mais que de repente, Gabriel decidiu pegar um saco e ir até o lago do Virasaco, onde morava o sapo.
Esperou que o sol se escondesse por detrás das montanhas para que ele não testemunhasse sua pequena maldade e foi chegando de mansinho, bem de mansinho… até que conseguiu prender o sapo no saco.
O coração de Gabriel pulava tanto, tanto quanto o endiabrado sapo de olhos esbugalhados dentro do saco.
— E agora — pensava ele — o que fazer com o sapo?
De súbito, o sapo deu um coaxo bem alto e falou. Isso mesmo, falou:
— Olá, sou conhecido como Sapo Cururu. A minha família costuma viver nos cerrados e florestas tropicais e alimenta-se de pequenos animais invertebrados e vertebrados. Vivemos em média de 10 a 15 anos em ambiente natural e até 20 anos em cativeiro, quando nos aprisionam para fazer pesquisas. Eu tenho muito orgulho da minha família, pois o sapo cururu, que mede entre 10 a 15 centímetros, é o anfíbio mais comum que existe na fauna brasileira. É como o povo que vive na sua cidade, não é? O povo não é constituído por pessoas comuns?
Refeito do susto, o menino endireitou o corpo, respirou fundo e respondeu:
— A minha família chama-me Gabriel. Dizem sempre que este nome significa ‘mensageiro de Deus’. E eu sinto-me importante por isso. Mas tu, um simples sapo, falas?
— Normalmente eu só coaxo, contudo, quando me vejo acuado, com muito medo, desato a falar como vocês.
— E agora estás com muito medo?
— Claro que estou! Aqui dentro é muito escuro e apertado. Mesmo com esses olhos grandes e esbugalhados não posso ver nada, nem mesmo a lua que logo, logo virá mergulhar no lago. O que você vai fazer comigo?
— Eu ainda não sei, Sapo Cururu, o que sei é que não me deixas dormir por causa do teu coaxar.
— Ora, ora, Gabriel, as pessoas falam e os sapos coaxam, não é? A natureza foi criada assim. Sabes que nós, os sapos cururu, possuímos duas glândulas de veneno na parte superior da cabeça — continou ele…
Gabriel deu um pulo para trás, largou o saco que se abriu para o sapo e ficaram assim os dois, olhando um para o outro por algum tempo, até que o Sapo Cururu prosseguiu:
— Então Gabriel, não te assustes! Nós só usamos esse veneno para nos defendermos dos nossos predadores, como por exemplo, de uma serpente. Ui... até me arrepio quando falo dela.
— Mas as cobras gostam de comer sapos?
— Se gostam! Mas quando uma cobra chega à nossa beira, nós levantamos as patas, ficamos mais esticados, parecendo bem maiores do que realmente somos e inclinamo-nos como se oferecêssemos as glândulas para que ela as mordam. Na maioria das vezes esse nosso jeito de lidar com a cobra funciona, pois mesmo que ela nos morda, perceberá um gosto desagradável, devido ao amargor do veneno e assim acaba por soltar-nos. E com certeza não vai ter mais vontade de voltar a alimentar-se de sapo cururu — dizendo isto, não resistiu e deu uma boa gargalhada.
Gabriel ainda estava mudo. Agora era ele que se sentia assustado, como se fosse ele o sapo preso dentro do saco. Mas algo na gargalhada do sapo lhe tocou no coração. Aquele sapo tinha a pele diferente da sua, mas pareciam tão iguais!
Interrompendo o silêncio, olhando em direção ao menino, o Sapo Cururu, falou docemente:
— Não podemos ser amigos? Há muito tempo que me sinto só nesta mata imensa. Só a lua é minha amiga e vem visitar-me todas as noites, assim que o calor do sol se esvai das folhas.
— Mas tu és um sapo e tens a pele tão diferente da minha! Como podemos ser amigos? Os amigos costumam ser parecidos.
— Mas afinal, Gabriel, não somos todos iguais? O que é uma pele, além da aparência? Penso que o que está dentro vai importar mais. Essa sempre foi minha grande diferença em relação aos outros sapos. Nunca concordaram com a minha maneira de pensar. Até diziam que os sapos não foram feitos para pensar. Leva-me para tua casa, Gabriel, prometo não voltar a coaxar.
Gabriel levou seu novo amigo, o sapo que se chamava Cururu. Nem precisou do saco. Caminharam lado a lado como fazem os amigos.
Durante três dias, no quarto de Gabriel, o sapo falou da sua vida na água, enquanto girino e da sua vida na terra, enquanto sapo. Durante três dias permaneceu sem coaxar.
Gabriel sorria largo pela cabana. Tinha agora um amigo de pele diferente da sua, mas um grande amigo. Sentia que não conseguia abraçá-lo, pois em todas as tentativas, o sapo escorregava e pulava. Era a natureza dele, e ele entendia.
Na quarta noite, Gabriel foi desejar bom sono ao Sapo Cururu, mas percebeu que estava diferente. Tinha-se transformado num boneco de fios verdes, macios, com um enorme sorriso na cara. Os olhos esbugalhados, os mais doces que já vira num boneco.
Desde então , todas as noites, depois de conversar com seu anjo da Guarda, Gabriel dava um abraço bem apertado no seu verde e lindo amigo Sapo Cururu, que já não lhe escapava das mãos e que ouvia todos os seus segredos num respeitoso silêncioso.
Sabem que mais? Ele só voltou a coaxar quando percebeu que Gabriel precisava ouvir uma nova história.
E podem crer: essa história que acabo de contar é a mais pura verdade. E essa verdade assemelha-se ao sorriso que coloco nos traços do meu rosto quando vejo a Primavera florescer.
Heleida Nobrega, Setembro de 2007
texto adaptado