sexta-feira, 31 de outubro de 2014

A duas vizinhas .

Sou brasileiro de estatura mediana
Gosto muito de fulana mas sicrana é quem me quer
Porque no amor quem perde quase sempre ganha
Veja só que coisa estranha, saia dessa se puder

Não guardo mágoa, não blasfemo, não pondero
Não tolero lero-lero, devo nada pra ninguém
Sou descasado, minha vida eu levo a muque
Do batente pro batuque faço como me convém

Eu sou poeta e não nego a minha raça
Faço versos por pirraça e também por precisão
De pé quebrado, verso branco, rima rica
Negaceio, dou a dica, tenho a minha solução

Sou brasileiro, tatu-peba taturana
Bom de bola, ruim de grana, tabuada sei de cor
Quatro vez sete vinte e oito nove fora
Ou a onça me devora ou no fim vou rir melhor

Não entro em rifa, não adoço, não tempero
Não remarco, marco zero, se falei não volto atrás
Por onde passo deixo rastro, deixo fama
Desarrumo toda a trama, desacato satanás

Sou brasileiro de estatura mediana
Gosto muito de fulana mas sicrana é quem me quer

Diz um ditado natural da minha terra
Bom cabrito é o que mais berra onde canta o sabiá
Desacredito no azar da minha sina
Tico-tico de rapina, ninguém leva o meu fubá.
As duas vizinhas
Duas vizinhas viviam em pé de guerra. Não podiam se encontrar na rua que era briga na certa. Depois de um tempo, uma delas, Maria, sentiu que deveria mudar de vida e resolveu se reconciliar com Ana.
Ao se encontrarem na rua, muito humildemente, disse Maria:
- Minha querida Ana, já estamos nessa desavença há anos e sem nenhum motivo aparente. Estou propondo para você que façamos as pazes e vivamos como duas boas e velhas amigas.
Ana estranhou na hora a atitude da velha rival e disse que iria pensar no caso. Pelo caminho foi dizendo:
- Essa Maria não me engana... Que conversa é essa de voltarmos a sermos amigas? Ela deve estar querendo me aprontar alguma coisa e eu não vou deixar barato. 

Ana não conseguia superar a indiferença e a raiva da vizinha...Chegando em casa, preparou uma bela cesta de presentes, cobrindo-a com um lindo papel. Mas dentro encheu de esterco de vaca. Dizia ela: 
- Eu adoraria ver a cara da Maria ao receber esse ‘maravilhoso’ presente. Vamos ver se ela vai gostar dessa. 

Ana mandou a empregada levar o presente a casa da rival com um bilhete: “Aceito sua proposta de paz e, para selarmos nosso compromisso, te envio esse lindo presente".
Ao receber o pacote, Maria estranhou o presente, mas não se exaltou. Pensava: 
- O que a Ana está querendo dizer com isso? Não estamos fazendo as pazes? Bem, deixa pra lá...
Algum tempo depois, Ana abre a porta e recebe uma linda cesta de presentes coberta com um belo papel. Logo se deu conta e disse:
- É a vingança daquela asquerosa da Maria. Que será que ela me aprontou?

Qual não foi sua surpresa ao abrir a cesta e ver um lindo arranjo das mais belas flores e um cartão com a seguinte mensagem: "Estas flores é o que te ofereço em prova da minha amizade e do meu desejo de voltar a conviver contigo. Elas foram cultivadas com o esterco que você me enviou e que proporcionou excelente adubo para meu jardim. Afinal, cada um dá o que tem em abundância em seu coração e em sua vida".
OBRIGADO POR  SUA VISITA.